Festas juninas brasileiras: conheça a origem e sua religiosidade.
André Alves
Da Redação
Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz
As festas
juninas tomam conta de muitas cidades brasileiras neste mês de junho e
acontecem em torno da devoção aos santos muito populares como Santo Antônio,
São João, São Pedro e São Paulo.
O franciscano de Pádua, o frade capuchinho e bispo de Campina Grande (Paraíba), Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, explica como surgiram as festas juninas e como os católicos devem celebrá-las.
O franciscano de Pádua, o frade capuchinho e bispo de Campina Grande (Paraíba), Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, explica como surgiram as festas juninas e como os católicos devem celebrá-las.
Segundo o bispo, a relação destas festas com os santos católicos está no
simples fato de coincidirem com o mês em que são celebrados no calendário
litúrgico. A origem das festividades juninas vem da tradição portuguesa que,
com a colonização, entraram no Brasil e assumiram um caráter popular. “A origem
da festa é a devoção aos santos celebrados no mês de junho e foram ganhando
popularidade com toda essa riqueza cultural do nosso nordeste”, disse Dom
Delson.
A “Dança
da quadrilha” é também uma herança de Portugal. De acordo com Dom Delson, os
portugueses aprenderam a dança com os franceses e o Brasil foi adaptando com a
música nordestina.
As
comidas típicas têm sua razão na estação do inverno. “Porque no inverno é o
tempo de muito milho, então todas as comidas derivadas do milho são abundantes
neste mês de junho; a canjica, o milho verde, a pamonha, e todos esses doces
derivados do milho”.
Para Dom
Delson, a beleza destas festas está no exercício da partilha. O bispo recorda
como isso já era comum no interior nordestino deste muito tempo. “Lembro-me
quando era menino na Bahia, o São João, além da fogueira, dos fogos e muita
comida, as famílias iam de casa em casa na noite da véspera de São João para
partilhar as coisas que cada família preparava. Então tinha essa partilha; as
pessoas recebiam os vizinhos em casa e ofereciam aquilo que tinha preparado.
Isso com muita música e muito forró”.
A
religiosidade das festas juninas
Na
opinião de Dom Delson, a religiosidade nas festas juninas é tão forte quanto no
início, mas é preciso resgatar cada vez mais sua principal motivação.
"Vamos falar da vida dos santos e do testemunho que eles deram. Esse eu
creio que é o trabalho evangelizador da Igreja. Não devemos excluir uma coisa
da outra, mas procurar dar esse sentido forte do Evangelho”.
Perguntado
sobre um possível esvaziamento espiritual nestes eventos, o bispo disse não
acreditar que a religiosidade tenha se perdido, mas enriqueceu. "Porque
independentemente da Igreja organizar as suas festas, elas acontecem de forma
popular em toda parte”.
Dom
Delson acredita que as festas juninas fazem muito bem e todos devem participar.
“É uma festa de partilha, de família e de comunidade".
O bispo
ainda reforçou que a grande festa que acontece no nordeste tem sua raiz na
religião. Portanto, sugeriu que elas sejam um momento social sem os excessos e
sem a contaminação das maldades do mundo. “Se conseguirmos preservar esse
ambiente bonito de família, puro, a festa, em si é maravilhosa ”, afirmou.
Santo
Antônio é um dos grandes motivadores das festas juninas em todo o Brasil.
Inúmeras paróquias e comunidades o têm como padroeiro. A devoção ao santo
franciscano chegou ao Brasil por meio dos portugueses, que também cultivam por
ele especial respeito.
Fonte: Canção Nova