Semana Santa: “Deus não se cansa de perdoar”

Dom Anuar Battisti 
Arcebispo de Maringá (PR)

Celebramos ontem (24) o Domingo de Ramos, também chamado de Domingo da Paixão, quando iniciamos a Semana Santa; tempo único durante o ano para parar, contemplar e recomeçar um caminho a exemplo de Jesus.
Eu chamo esta semana de a “grande semana do perdão”. O perdão de todas as nossas falhas, a vida nova conquistada na Paixão, morte e ressureição do Senhor Jesus.
Estes fatos aconteceram porque temos um Deus que nos ama, que tomou por primeiro a iniciativa de nos resgatar da miséria humana e nos cobrir para sempre com a Sua infinita misericórdia. Por isso é uma semana especial, um tempo que revivemos a cada ano, não como fatos do passado e sim como atualização aqui e agora da presença de Deus que continua  salvando a cada um de nós, criaturas feitas a Sua imagem e semelhança.
Ao contemplar o Pai Deus que em seu Filho Jesus nos ama perdoando e nos perdoa amando, nos chama para realizar aqui e agora a mesma realidade do amor perdão entre nós humanos.
Sem merecimento fomos perdoados por um Deus tão humano e próximo de nós. Por que somos tão mesquinhos em negar o perdão ou ficar guardando rancor e raiva de quem com motivos ou não nos feriu em nossos sentimentos?
Nas nossas relações humanas nunca se deve buscar culpados e sim estabelecer relações verdadeiras, no amor desinteressado, construindo o que nos aproxima e nunca o que nos divide.
Nesta semana os fatos que vamos reviver começam na quinta-feira às 9h30 na Catedral com a missa da benção dos óleos do crisma, do batismo e dos enfermos.
Na presença de todos os presbíteros, os quais renovam nesta missa os compromissos presbiterais, pois foi na quinta- feira que Jesus instituiu a Eucaristia e o presbiterato.
Esta celebração marca o início de todos os fatos de nossa salvação. À noite, em todas as igrejas, haverá celebração da Ceia do Senhor com o lava pés.
Relembrando aquele gesto e aquelas palavras de Jesus: “Se eu  Mestre e Senhor lavei-vos os pés, vos deveis lavar os pés uns dos outros”.
Naquela memorável noite Jesus deixa a sua presença nas espécies de pão e vinho dizendo: “Isto é meu corpo, isto é meu sangue, fazei isto em memória de mim”.
Na Sexta-feira Santa comtemplamos a Paixão de Jesus, às 15h na leitura da Paixão e nas orações por toda humanidade. Celebração que não é a missa; aliás, esse é o único dia do ano que não celebramos a missa, mas distribuímos a Eucaristia, consagrada na missa de quinta- feira santa. Sexta-feira Santa é o dia da morte do Senhor, quando derrama do alto da cruz sangue e água, num grito de salvação: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Contemplamos a cruz, beijamos a cruz, como sinal de  nosso resgate, como reconhecimento do imenso amor de Deus em Jesus por todos e cada um de nós. Ninguém como Ele para nos amar tanto e de tal forma.
Sábado da Vigília Pascal, abençoamos o fogo, e acendemos a coluna de cera, simbolizando a luz de Jesus que dissipa as trevas e ilumina a noite do pecado.
Abençoamos a água, vida nova, nascimento para Deus, batismo, banho de regeneração, noite do aleluia, de um grito de vitória que culminará na madrugada de domingo.
Naquela penumbra do terceiro dia, algumas mulheres e três apóstolos são as primeiras testemunhas do túmulo vazio.
A notícia não parou até hoje. Continuamos nós também a proclamar que o Senhor está vivo. O ressuscitado está no meio de nós, caminha conosco, como nos diz o apóstolo Paulo: “Se Cristo não tivesse ressuscitado vazia seria nossa fé”. Essa é a nossa Páscoa, vida nova em Cristo Deus que não se cansa de perdoar.
Fonte: CNBB