CELIBATO EM RAZÃO DO REINO, SINAL INEQUÍVOCO
O celibato é exceção não somente diante da práxis majoritária, daquilo que faz a maioria, mas, sobretudo, diante daquilo que parece ser - e é - uma lógica natural, profundamente inscrita na psique e nos sentidos, aparentemente invencível ou inevitável. O celibatário em razão do reino é uma pessoa comum, mas que descobre, num certo momento, o amor de Deus e decide que esse amor lhe basta, a ponto de deixar de lado o afeto de uma mulher e o calor de uma família, para ser completamente dedicado ao anúncio do Reino. Para sempre!
É ideal altíssimo vivido por uma pessoa com todo o peso da sua humanidade. E, em decorrência dessa condição humana, a mensagem do celibato torna-se quase violenta, pois implica a realização de pretensões divinas sobre o coração do homem. Conforme o Amedeo Cencini: “Ninguém pode passar ao lado desse sinal humano-divino e não perceber o seu sentido ou não sentir de alguma maneira a sua instigação.”
Em outras palavras, o jovem celibatário diz não ao amor de uma jovem, optando por consagrar-se a Deus e dedicar-se a Ele e ao próximo. Cada aspecto da uma vida celibatária, por mais “sofrido” e difícil que seja, como a solidão, a ausência de vínculos e a consequente disponibilidade para todos, até para com quem é amável, torna-se anúncio imediato do amor divino.
O celibato em razão do reino é um dom, um carisma através do qual o consagrado, padre ou religioso (a), é chamado a viver não para si mesmo e para a própria santidade, mas para testemunhar o amor universal de Deus, fonte e plenitude de todo afeto terreno. Ele é fiel a seu compromisso de castidade perfeita não simplesmente na medida em que a guarda por conta própria, e sim por transformá-la em dom para as outras pessoas. O que não se limita ao fato de estar disponível a todos, mas, principalmente porque através dela transmite valores que todos podem e devem viver.
O ideal do celibatário se resume em: traduzir e tornar inteligível o próprio dom, a ponto de comunicar com seu testemunho de virgindade algo que todas as pessoas possam entender como importante, significativo e indispensável para a vida de quem se encontra nessa condição.Fazendo com que, mesmo noivos, casado ou solteiros possam enxergar na condição de celibatário algo belo e prazeroso.
Em suma, o celibato pelo reino é antes de tudo decisão de amar profundamente, sobretudo a Deus. Já é hora de decisão o tempo está passando, abracemos, portanto, o imperecível, o sempre presente Jesus de Nazaré.
José de Assis
celibatário consagrado e seminarista da Comunidade Crux Sacra.